SUITE CONCERTANTE para 2 Clarinetes e Orquestra


Ao fim de 10 dias de intenso trabalho, apresento a minha nova composição - SUITE CONCERTANTE para 2 Clarinetes e Orquestra!!!!
Como o título indica, é uma Suite orquestral para 2 solistas em Clarinete, desta feita constituída pelas seguinte 5 peças:
1. Espelho meu, quem toca melhor que eu?
2. Dois num só!
3. Quarteto de Cinco!
4. Do fundo do meu coração!
5. Está quase, só mais esta!
A criação desta obra resultou de um convite da Orquestra Clássica da Madeira, através do seu Diretor Artístico, João Norberto Gomes, em conjunto com os dois solistas para os quais a obra foi propositadamente escrita, os clarinetistas Eddy Vanoosthuyse e Vladimir Pavtchinskii. A estreia desta Suite Concertante está agendada para um concerto no dia 14 de março de 2020, pela Orquestra Clássica da Madeira, com os respetivos solistas Eddy Vanoosthuyse e Vladimir Pavtchinskii.
Agradeço a Deus (pelos dons), à minha família (pelo apoio) e as estes músicos pela confiança no meu trabalho.
São 92 páginas para 25 minutos de música concertante, onde o meu instrumento de formação - Clarinete - é posto em evidência, desta feita a dobrar!
Sobre esta obra:
1. Espelho meu, quem toca melhor que eu? [4’43’’]
Esta peça propõe um jogo de saudável disputa entre os dois solistas. Todos os materiais, motivos, frases, surgem sempre duas vez consecutivas, sendo tocada à vez por cada um dos dois solistas. Desta feita é com um pouco de ironia que se dá estão esta disputa entre os dois! No fim desta peça, o público julgará como o espelho da Branca de Neve, e achará certamente que afinal os solistas tocam ambos imensamente bem! Esta obra está escrita numa Forma [ABA], sendo que no 2º [A] os solistas trocam de ordem, em relação à 1ª seção [A].
2. Dois num só! [6’11’’]
Esta peça denomina-se «Dois num só» por duas razões: 1º O tratamento das partes dos solistas foi realizado no sentido de os dois clarinetes se fundirem num só. Assim, desde o início até ao fim desta peça, os dois solistas tocam sempre o mesmo material temático, seja em monodia, em parofonia ou em homofonia. 2º Esta peça no fundo é constituída por duas peças, que foram assim juntas numa só. Divide-se desta forma em duas partes, com 2 andamentos distintos, a 1ª parte é mais calma, meditativa em andamento andante, e a 2ª parte é muito energética, em andamento vivo, onde se destaca movimentos virtuosísticos em cromatismos nos solistas. Entre estas duas partes, a coesão é feita através do tema do 1º fagote que inicia a 1ª parte, tema esse que é transformado e serve de base temática a toda 2ª parte. A melodia da 1ª parte tocada pelos solistas é uma melodia pantonal algo ‘imprevisível’, constituída por uma sequência rapsódica de 4 frases, em que não sabemos aonde ela nos vai levar… E quando chegamos ao final, esta melodia afinal não tem conclusão, ou seja, os clarinetes deixam de tocar o fim da melodia, mas a orquestra continua a tocar a base harmónica conclusiva; temos assim este final que fica em aberto, competindo a cada um de nós imaginar a melhor conclusão que esta melodia merece ter!
3. Quarteto de Cinco! [3’55’’]
Esta 3ª peça tem um carater distinto das restantes peças, assumindo um peso algo marcial. Divide-se em 7 partes, em que cada uma delas ouve-se sempre o tema principal, como se trata de uma espécie de passacaglia. A estrutura ABACADA por outro lado assemelha-se a um Rondó a 7 partes, sendo que as secções [A] são tocadas pelo tutti orquestral, enquanto que os episódios [B], [C] e [D] são interpretados apenas por um quarteto de clarinete com mais um violino solista. Dai o nome desta peça ser «Quarteto de Cinco». O quarteto de Clarinetes é constituído obviamente pelos 2 solistas, mais os 2 clarinetes da orquestra, sendo que um deles toca em Clarinete Baixo, ajudando assim à consolidação deste efetivo tradicional de Quarteto de Clarinetes. Nestes 3 episódios exclusivos do ‘quarteto de cinco’, o tema da ‘passacaglia’ está sempre presente no meio de virtuosismo, e na última seção [A], este ‘quarteto de cinco’ junta-se ao restante tutti para uma conclusão digna em conformidade.
4. Do fundo do meu coração! [4’13’’]
Na conceção desta Suite, para gestão de esforço dos intérpretes e do próprio público ouvinte, procurei nesta 4ª peça propor um momento muito mais calmo e mais introspetivo. Há muitos anos atrás, compôs uma melodia para clarinete solo que tinha exatamente estas caraterísticas e sempre pensei um dia usá-la numa obra de conceção sinfónica. Para esta circunstância, recuperei essa melodia e adaptei-a a esta obra concertante, tendo a mesma por base no acompanhamento, um ostinato rítmico que facilmente associamos ao bater do coração. Isso reforça o sentido mais emocional desta 4ª peça da Suite. Após este momento musical, mais calmo e sereno, estaremos prontos para passar ao enorme contraste da peça seguinte!
5. Está quase, só mais esta! [4’28’’]
O título desta 5ª e última peça da Suite é algo irónico, mas reflete aquele ato que nós, público, temos num concerto de ir consultando a Folha de Sala para ver em que andamento estamos. Desta feita, sempre que esta obra for tocada em concerto, penso que alguém no público ao ler «Está quase, só mais esta!», no mínimo irá soltar um sorriso! Esta peça carateriza-se por um caráter muito energético, que muito me agrada. Temos tal como na 1ª peça da Suite, novamente a Forma [ABA]. Só que desta feita, temos esta particularidade: a seção [A] é constituída por 5 partes, sendo apresentadas na 1ª Seção [A] pela ordem 1, 2, 3,4, 5 e na 2ª Seção [A], em vez de ser formalmente «copiar e colar», toda esta seção afinal é re-exposta por ordem inversa (5, 4, 3, 2, 1). Efetivamente o material destas 5 partes funcionam bem entre si nas duas ordens!
No meio da peça, temos uma seção [B] contrastante, com carater mais contemplativo, em que o acompanhamento orquestral transforma-se num acompanhamento coral monofónico, em que músicos da orquestra cantam em vez de tocarem. Sobre esta base coral temos uma melodia também monofónica nos clarinetes solistas, a intervalo de duas oitavas entre si, o que dá uma sonoridade muito interessante. Junto com os solistas, temos apontamentos motívicos no corne inglês.
Francisco Loreto
8 de Agosto de 2019

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